— A senhora ainda não entendeu que
eu não aceito o seu namoro com aquele vagabundo?
— Amor? A senhora sabe o que é
amor, mamãe? Desde que o meu pai morreu, essa casa parece um bordel. A senhora
não se dá respeito.
Irritada, Virgínia quase perdeu o
controle. Chegou a erguer a mão para bater em Laura, mas respirou fundo e
disse:
— Cansei de discutir com você. Vá
para o seu quarto agora!
Laura apenas deu de ombros e subiu
as escadas correndo.
Na hora do jantar, Virgínia foi até
o quarto da filha e viu um bilhete largado na cama, o armário vazio e a janela
semiaberta. Àquela hora, Laura estava vagando pelas ruas movimentadas da
cidade, lançada à própria sorte.
Laura era uma jovem bonita e
valorizava essa qualidade. Gostava de se arrumar, de usar perfumes caros e de
desfrutar de todas as mordomias. Mas agora as coisas mudaram.
À sua direita, um motorista baixou
o vidro do carro e fez um convite indiscreto. Do outro lado, viu uma placa que
dizia: “VAGA PARA GARÇONETE”. Ela fez a sua escolha.
Apesar do jeito de patricinha,
Laura sabia se virar nas tarefas domésticas e cozinhava como ninguém. Então,
decidiu entrar no restaurante para preencher a vaga de garçonete. Sua simpatia
fez o dono do estabelecimento contratá-la na hora.
Em casa, Virgínia sofria com a
falta de notícias da filha e pensou em ligar para a polícia. Desistiu. Poderia
esperar um pouco mais.
Veio o domingo de sol.
O restaurante em que Laura começou
a trabalhar estava lotado. Uma família de quatro pessoas chamou a atenção da
jovem. “Não pode ser”, pensou ela.
O namorado da sua mãe era casado e
tinha dois filhos. Friamente, ela foi atendê-los:
— Boa tarde! O que desejam?
— Boa tarde! –respondeu a mulher.
O homem evitava o contato visual
com Laura. Ele estava visivelmente constrangido.
— Nós preparamos o melhor almoço da
cidade. Vocês sairão daqui muito satisfeitos. –prometeu Laura, com uma voz
amável.
O almoço foi servido e Laura voltou
para o balcão. Segundos depois, houve um tumulto em uma das mesas. As pessoas
formaram um círculo em volta do homem que agonizava no chão. A esposa gritava
para chamarem um médico.
Laura escondeu o frasco de veneno
que usou para se vingar do homem que enganava a mãe dela. Em seguida, pegou o
telefone:
— Mãe? Aqui é a Laura.
— Minha filha, onde você se meteu?
Eu vou te buscar.
— Não precisa. Eu volto para casa
ainda hoje e tenho uma novidade...
— Qual novidade?
— Resolvi aceitar o seu
relacionamento com aquele cara. Espero que sejam felizes!
Oi Ygo!
ResponderExcluirAdorei o seu texto, muito bom! O final foi surpreendente, não esperava que ela ia matar o homem!
Beijos,
Sora - Meu Jardim de Livros
Que bom que você gostou, Sora.
ExcluirVolte sempre! Beijos!