Autor:
José Mauro de Vasconcelos
Editora:
Melhoramentos
Ano: 1968
Nº de páginas: 192
Nº de páginas: 192
“Precisava pedir de
novo para Tio Edmundo repetir aquela palavra. Não sabia se era acorbacia,
acrobacia ou arcobacia. Era uma daquelas. Só que não devia ensinar errado ao
meu irmãozinho.”
Zezé é um
garoto travesso de 5 anos (quase 6, como ele sempre fala). A família
dele é numerosa e as dificuldades no dia a dia são muitas. O irmão mais velho
cuida do segundo, que cuida do terceiro e por aí vai... Eles não têm mordomias
e, algumas vezes, nem comida na mesa. No entanto, vão levando a vida assim
mesmo, até quando Deus permitir.
O menino de
Seu Paulo, como Zezé é conhecido, apronta
todas, com direito a bônus. O repertório de traquinagens é vasto. Falar
palavrões, fazer xixi dentro do cinema, atirar pedras em algum engraçadinho
metido a besta... É tanta coisa, que não está no gibi. Apesar disso,
Zezé é uma criança muito inteligente, tanto que aprendeu a ler cedo, sem
estudar. A vida dele muda radicalmente quando ele faz uma nova amizade. Sabem
com quem? Com um pé de laranja lima!
“Uma semana foi preciso para
que eu me recuperasse todo. Não provinha das dores nem das pancadas o meu
desânimo. Verdade que em casa começaram a me tratar bem que dava para
desconfiar. Mas faltava qualquer coisa. Qualquer coisa importante que me
fizesse voltar a ser o mesmo, talvez a acreditar nas pessoas, na bondade
delas.”
Coitado do Zezé. Como ele apanha nesse livro! De verdade, senti muita pena dele. A linguagem usada pelo autor tem uma simplicidade ímpar. Alguns momentos da história são bem tristes e emocionantes, como o momento em que Zezé fala sobre o Natal fracassado. Mas também dei altas gargalhadas durante a leitura. O livro traz um humor ingênuo. Zezé tem umas tiradas ótimas. É uma inocência tão genuína, que chega a ser cômica.
O que
eu mais gostei da escrita do autor foi que ele conseguiu transmitir, através
de uma narrativa em primeira pessoa, os sentimentos de uma criança de cinco
anos, fazendo o leitor enxergar o conjunto da obra com um olhar diferenciado,
puro.
“Dor era aquilo, que doía o
coração todinho, que a gente tinha que morrer com ela, sem poder contar para
ninguém o segredo. Dor que dava desânimo nos braços, na cabeça, até na vontade
de virar a cabeça no travesseiro.”
Esse
livro apresenta ainda reflexões sobre vários temas, como: desigualdade social,
relação familiar e preconceito. A história mostra que um mundo de fantasia pode
ser a chave para encarar as dificuldades da vida. Leitura recomendada!
Cena do filme (2013). Assista ao trailer oficial aqui. |
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