Título:
Ainda não te disse nada
Autor:
Mauricio Gomyde
Editora:
Porto 71
Ano:
2011
Nº
de páginas: 236
“As horas avançaram e
ela contou os minutos para pegar a bolsa e correr dali. Nem se despediu direito
do pessoal. Ganhou a rua, o lugar onde se sentia confortável, em meio à
multidão, olhando de relance tantas pessoas no fluxo contrário. Barulho,
fumaça, confusão. Seu mundo perfeito”.
Você conhece alguém que
escreve cartas até hoje? Pergunta difícil, eu sei. Foi essa a reflexão que o
livro de Mauricio Gomyde me proporcionou. Não é novidade para ninguém que o
jeito de se comunicar mudou bastante. Escrever uma carta, esperar dias até que
a outra pessoa leia aquilo, parece coisa de outro mundo na era de tecnologia,
em que tudo acontece já, agora, imediatamente.
A protagonista de Ainda
não te disse nada se chama Marina. Vem de uma família italiana e, se dependesse
do pai dela, seria uma grande padeira. Marina até tem talento para manusear
massas e tudo mais, porém, o que ela gosta de verdade é do mundo da moda.
Enquanto não se torna uma estilista famosa, ganha a vida trabalhando em uma
agência dos correios.
“Até que percebeu, do
lado oposto, sozinha, com um copo de café sobre a mesa, a mesma ruiva que
entrara na agência aquela manhã. Debruçada sobre um maço de papéis, segurava a
caneta. Olhava para cima, como em busca de inspiração, depois baixava a cabeça e
escrevia. Por vezes, fechava o semblante, parecia emocionada”.
Marina encontrou “O
Anjo Carteiro”, uma mulher que trabalhava escrevendo cartas. Tudo bem que ela
se passava por outras pessoas, mas, a questão central é que as palavras que ela
jogava no papel eram capazes de unir e emocionar muita gente.
Um dia, o destino
pregou uma peça e a mulher faleceu. O que seria daquelas pessoas que recebiam
as cartas do anjo? Se uma carta de alguém que você nem conhece caísse no seu
colo, o que você faria? Responderia? Deixaria a pessoa esperando a resposta
para sempre? Pois é, foi esse o dilema de Marina.
Decidiu que passaria a
ser o novo anjo carteiro. Tomou coragem, estudou para obter as informações
necessárias para a farsa não ser descoberta e se entregou à própria sorte. Com
o tempo, Marina começou a gostar de receber as cartas e ficava contando os dias
para a chegada da próxima.
“E foi que, durante um tempo impreciso, o
dedilhado de um violão invadiu seus ouvidos, fez o corpo estremecer e o coração
bater mais forte. Fechou os olhos, sorriu, apenas deixou a grave voz cantar-lhe
a mágica história”.
Não vou me estender
para não contar o final do livro. Posso dizer que a leitura foi ótima. Deu para
notar que o autor mergulhou no universo feminino, pesquisou bastante sobre moda
e comportamento das mulheres.
A linguagem é simples e a narrativa é bem
envolvente. Gomyde sabe brincar com as palavras, sem exageros e enfeites. Já é
o segundo livro dele que eu leio (o primeiro foi O Mundo de Vidro) e
quero continuar acompanhando suas obras. Recomendo, com certeza!
Saiba mais sobre o autor aqui. |
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