domingo, 8 de novembro de 2015

#Especial: A Próxima Vítima - 20 anos (Final)

Saudações!

Hoje eu venho mostrar a segunda e última parte deste especial de aniversário de 20 anos da novela A Próxima Vítima. Se você perdeu o outro post, basta clicar aqui e mergulhar de cabeça na leitura.


Temas abordados

É evidente que o fio condutor da novela era a série de assassinatos. Porém, algumas temáticas interessantes também foram abordadas no folhetim, levantando discussões na sociedade da época.

# Violência urbana

Pode parecer muito óbvio, já que se trata de uma trama essencialmente policial, mas a novela também denunciava a insegurança nas grandes cidades. Era recorrente aparecer algum personagem criticando o país por causa da violência urbana. 

# Preconceito racial e social

Cleber (Antônio Pitanga) conversa
com a esposa e a filha caçula
Uma família negra de classe média foi uma aposta ousada. Até então, não se mostrava famílias com essas características nas novelas. O contador Cleber Noronha (Antônio Pitanga) era casado com a secretária-executiva Fátima (Zezé Motta), com quem tinha três filhos: a caçula Patrícia (Camila Pitanga), que sonhava em ser modelo; Jefferson (Lui Mendes), estudante de Direito; além de Sidney (Norton Nascimento), um gerente de banco. No decorrer dos capítulos, Sidney ainda se relacionou com Carla (Mila Moreira), uma mulher branca da alta sociedade, o que também levantou discussões sobre o preconceito. 

# Homossexualidade

Sandrinho (André Gonçalves) e
Jefferson (Lui Mendes)
O tema foi abordado através dos personagens Jefferson e Sandrinho (André Gonçalves). O tempero da polêmica era o fato de Jeff ser negro. Ele tentou se relacionar com mulheres, levando uma vida considerada “normal”, pois tinha muito medo do preconceito, enquanto Sandrinho já era mais bem resolvido e contava com o apoio da mãe (mencionei isso no outro post). As críticas eram realmente pesadas, até pela falta de informação da sociedade. Os personagens que não aceitavam se referiam a homossexualidade como doença. O termo “aberração” também era bastante utilizado.


# Crianças abandonadas

O Brasil estava mergulhado na desigualdade. Através da personagem Julia Braga (Glória Menezes), foi lançada uma luz em cima do problema da grande quantidade de crianças que viviam nas ruas. Julia passou muito tempo fora do país e, ao retornar, ficou muito chocada com a situação que encontrou, resolvendo, assim, abraçar a causa. 

# Amor sem idade

Adriano (Lugui Palhares) e Carmela
(Yoná Magalhães)
O preconceito ainda existe, mas, hoje em dia, esse tema já é visto com outros olhos. Naquela época, a intolerância era muito maior. A novela mostrou que a diferença de idade é só um detalhe em uma relação: Carmela (Yoná Magalhães) e Adriano (Lugui Palhares); Romana (Rosamaria Murtinho) e Bruno (Alexandre Borges); além de Zé Bolacha (Lima Duarte), que se apaixonou por Irene (Vivianne Pasmanter), mas não chegou a existir nada de concreto entre eles. Como o personagem mesmo dizia, era um amor puro, que ele dava sem esperar nada em troca.

# Prostituição

Quitéria (Vera Holtz) é pressionada por
Dona Nina (Nicette Bruno)
De forma sutil, a novela retratou a prostituição por opção. Quitéria Quarta-Feira (Vera Holtz) exercia a profissão e estava sempre de bem com a vida. Era dessa forma que conseguia cuidar da mãe, Dona Ivete (Liana Duval), que vivia em estado vegetativo. Nem todo mundo sabia da vida que ela levava. Quitéria rebolava para esconder seu segredo da Dona Nina (Nicette Bruno), uma italiana careta e defensora dos bons costumes. 




# Reinserção social

  
Lucas (Pedro Vasconcelos) e Helena
(Natália do Valle)
O folhetim retratou também as dificuldades dos ex-dependentes para voltarem a ocupar suas posições na sociedade. O drama foi apresentado por meio do personagem Lucas (Pedro Vasconcelos), filho de Helena (Natália do Valle). Depois de sair de uma clínica para dependentes químicos no início da novela, o jovem seguiu a luta para se manter longe dos entorpecentes e ainda teve que enfrentar o preconceito e o julgamento das pessoas que não acreditavam na reabilitação dele.

# Aposentadoria

Essa campanha foi bem mais discreta. A atriz Hilda Rebello, mãe do diretor Jorge Fernando, fazia uma ponta na novela como a Dona Zulmira, uma professora aposentada que comia de graça na pizzaria da Ana (Susana Vieira). As cenas traziam sempre algumas alfinetadas ao país, pela desvalorização dos professores e, principalmente, dos aposentados. Isso em 1995. Infelizmente, parece que as coisas não mudaram muito, não é mesmo?

Reta final


   
Adalberto (Cecil Thiré) foi o
assassino na exibição original
A reta final da novela praticamente parou o país. Todo mundo queria saber quem era o assassino misterioso. Os jornais e revistas também ficaram loucos para descobrir a identidade do serial killer, mas o autor Silvio de Abreu guardou esse segredo a sete chaves. A repercussão foi tão grande que o desfecho da trama rendeu reportagens especiais para o Fantástico e para o Jornal Nacional.


   
Ulisses (Otávio Augusto) foi o
assassino na reprise em 2000
Foi levantada a hipótese de o último capítulo ser ao vivo, mas os planos não se concretizaram. Poucas horas antes da exibição, o elenco ainda não sabia de nada. Os atores receberam as falas em cima da hora e gravaram tudo no maior sigilo. Hoje em dia, é muito difícil um autor conseguir preservar um segredo assim até o último capítulo, pois a imprensa cai em cima como um bando de abutres. 

Na exibição original, em 1995, o assassino foi Adalberto (Cecil Thiré). Já na reprise do Vale a pena ver de novo, em 2000, o final foi alterado e o assassino foi Ulisses (Otávio Augusto). Inclusive, achei este segundo bem mais impactante e coerente. 

Revista Veja - 01/11/1995. Disponível em: http://novelaseminisseriespararecordar.blogspot.com.br/2012_06_01_archive.html
Considerações finais

A novela voltou a ser exibida no Canal Viva entre os dias 9 de setembro de 2013 e 18 de junho de 2014, apresentando o desfecho original de 1995. Foi assim que eu tive a chance de acompanhar esse belo produto da teledramaturgia brasileira.

A Próxima Vítima foi um folhetim que me prendeu no sofá. Atuações memoráveis de Aracy Balabanian, Tereza Rachel e Claudia Ohana. Enredo forte e envolvente. Trilha sonora de suspense de tirar o fôlego, capaz de deixar muito filme de terror comendo poeira. Por essas e outras razões, a trama me fisgou totalmente.

"O FRIO DE SÃO PAULO ME FAZ TRANSPIRAR..."


Com informações de: MEMÓRIA GLOBO (e a minha).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

AGORA QUE VOCÊ JÁ MERGULHOU NA LEITURA, DEIXE O SEU COMENTÁRIO. ELE É MUITO IMPORTANTE PARA O CRESCIMENTO DO BLOG. OBRIGADO!!!

Obs.: comentários ofensivos serão deletados.