Saudações!
Hoje
eu venho mostrar a segunda e última parte deste especial de aniversário de 20
anos da novela A Próxima Vítima. Se você perdeu o outro post,
basta clicar aqui e mergulhar de cabeça na leitura.
Temas abordados
É evidente que o fio condutor da novela
era a série de assassinatos. Porém, algumas temáticas interessantes também
foram abordadas no folhetim, levantando discussões na sociedade da época.
# Violência
urbana
Pode parecer muito óbvio, já que se trata
de uma trama essencialmente policial, mas a novela também denunciava a
insegurança nas grandes cidades. Era recorrente aparecer algum personagem
criticando o país por causa da violência urbana.
# Preconceito racial e social
# Preconceito racial e social
Cleber (Antônio Pitanga) conversa com a esposa e a filha caçula |
Uma família negra de classe média foi uma
aposta ousada. Até então, não se mostrava famílias com essas características
nas novelas. O contador Cleber Noronha (Antônio Pitanga) era casado com a
secretária-executiva Fátima (Zezé Motta), com quem tinha três filhos: a caçula Patrícia
(Camila Pitanga), que sonhava em ser modelo; Jefferson (Lui Mendes), estudante
de Direito; além de Sidney (Norton Nascimento), um gerente de banco. No
decorrer dos capítulos, Sidney ainda se relacionou com Carla (Mila Moreira), uma mulher
branca da alta sociedade, o que também levantou discussões sobre o preconceito.
# Crianças abandonadas
#
Homossexualidade
Sandrinho (André Gonçalves) e Jefferson (Lui Mendes) |
O tema foi abordado através dos
personagens Jefferson e Sandrinho (André Gonçalves). O tempero da polêmica era o
fato de Jeff ser negro. Ele tentou se relacionar com mulheres, levando uma vida
considerada “normal”, pois tinha muito medo do preconceito, enquanto Sandrinho
já era mais bem resolvido e contava com o apoio da mãe (mencionei isso no outro
post). As críticas eram realmente pesadas, até pela falta de informação da
sociedade. Os personagens que não aceitavam se referiam a homossexualidade como
doença. O termo “aberração” também era bastante utilizado.
# Crianças abandonadas
O
Brasil estava mergulhado na desigualdade. Através da personagem Julia Braga
(Glória Menezes), foi lançada uma luz em cima do problema da grande quantidade
de crianças que viviam nas ruas. Julia passou muito tempo fora do país e, ao retornar,
ficou muito chocada com a situação que encontrou, resolvendo, assim, abraçar a
causa.
# Amor sem idade
# Amor sem idade
Adriano (Lugui Palhares) e Carmela (Yoná Magalhães) |
O preconceito ainda existe, mas, hoje em
dia, esse tema já é visto com outros olhos. Naquela época, a intolerância era
muito maior. A novela mostrou que a diferença de idade é só um detalhe em uma
relação: Carmela (Yoná Magalhães) e Adriano (Lugui Palhares); Romana (Rosamaria
Murtinho) e Bruno (Alexandre Borges); além de Zé Bolacha (Lima Duarte), que se
apaixonou por Irene (Vivianne Pasmanter), mas não chegou a existir nada de
concreto entre eles. Como o personagem mesmo dizia, era um amor puro, que ele dava
sem esperar nada em troca.
# Reinserção social
#
Prostituição
Quitéria (Vera Holtz) é pressionada por Dona Nina (Nicette Bruno) |
De forma sutil, a novela retratou a
prostituição por opção. Quitéria Quarta-Feira (Vera Holtz) exercia a profissão
e estava sempre de bem com a vida. Era dessa forma que conseguia cuidar da mãe, Dona Ivete (Liana Duval), que vivia em estado vegetativo. Nem
todo mundo sabia da vida que ela levava. Quitéria rebolava para esconder seu
segredo da Dona Nina (Nicette Bruno), uma italiana careta e defensora dos bons
costumes.
# Reinserção social
Lucas (Pedro Vasconcelos) e Helena (Natália do Valle) |
O folhetim retratou também as
dificuldades dos ex-dependentes para voltarem a ocupar suas posições na
sociedade. O drama foi apresentado por meio do personagem Lucas (Pedro
Vasconcelos), filho de Helena (Natália do Valle). Depois de sair de uma clínica
para dependentes químicos no início da novela, o jovem seguiu a luta para se
manter longe dos entorpecentes e ainda teve que enfrentar o preconceito e o
julgamento das pessoas que não acreditavam na reabilitação dele.
#
Aposentadoria
Essa campanha foi bem mais discreta. A
atriz Hilda Rebello, mãe do diretor Jorge Fernando, fazia uma ponta na novela
como a Dona Zulmira, uma professora aposentada que comia de graça na pizzaria
da Ana (Susana Vieira). As cenas traziam sempre algumas alfinetadas ao país,
pela desvalorização dos professores e, principalmente, dos aposentados. Isso em
1995. Infelizmente, parece que as coisas não mudaram muito, não é mesmo?
Reta final
Adalberto (Cecil Thiré) foi o assassino na exibição original |
A reta final da novela praticamente parou
o país. Todo mundo queria saber quem era o assassino misterioso. Os jornais e
revistas também ficaram loucos para descobrir a identidade do serial killer, mas o autor Silvio de
Abreu guardou esse segredo a sete chaves. A repercussão foi tão grande que o
desfecho da trama rendeu reportagens especiais para o Fantástico e para o Jornal
Nacional.
Ulisses (Otávio Augusto) foi o assassino na reprise em 2000 |
Foi levantada a hipótese de o último
capítulo ser ao vivo, mas os planos não se concretizaram. Poucas horas antes da
exibição, o elenco ainda não sabia de nada. Os atores receberam as falas em
cima da hora e gravaram tudo no maior sigilo. Hoje em dia, é muito difícil um
autor conseguir preservar um segredo assim até o último capítulo, pois a
imprensa cai em cima como um bando de abutres.
Na exibição original, em 1995, o
assassino foi Adalberto (Cecil Thiré). Já na reprise do Vale a pena ver de novo,
em 2000, o final foi alterado e o assassino foi Ulisses (Otávio Augusto).
Inclusive, achei este segundo bem mais impactante e coerente.
Revista Veja - 01/11/1995. Disponível em: http://novelaseminisseriespararecordar.blogspot.com.br/2012_06_01_archive.html |
Considerações finais
A novela voltou a ser exibida no Canal Viva entre os dias 9 de setembro
de 2013 e 18 de junho de 2014, apresentando o desfecho original de 1995. Foi
assim que eu tive a chance de acompanhar esse belo produto da teledramaturgia
brasileira.
A
Próxima Vítima foi um folhetim que me prendeu no sofá. Atuações memoráveis
de Aracy Balabanian, Tereza Rachel e Claudia Ohana. Enredo forte e envolvente. Trilha
sonora de suspense de tirar o fôlego, capaz de deixar muito filme de terror
comendo poeira. Por essas e outras razões, a trama me fisgou totalmente.
"O FRIO DE SÃO PAULO ME FAZ TRANSPIRAR..."
Nenhum comentário:
Postar um comentário
AGORA QUE VOCÊ JÁ MERGULHOU NA LEITURA, DEIXE O SEU COMENTÁRIO. ELE É MUITO IMPORTANTE PARA O CRESCIMENTO DO BLOG. OBRIGADO!!!
Obs.: comentários ofensivos serão deletados.