#Resenha: "Ouro"

Título: Ouro

Autor: Chris Cleave

Ano de lançamento: 2013

Editora: Intrínseca

Nº de páginas: 336

# A história

Londres 2012 é logo ali. Kate e Zoe se preparam para competir em casa nos Jogos Olímpicos, o evento esportivo mais grandioso do mundo. Aos 32 anos, elas já não são mais as garotas que chegaram ao programa de ciclismo de elite para jovens talentos, comandado pelo treinador Tom.

A vida das duas atletas foi marcada por tragédias que as obrigaram a ser fortes. Elas precisam administrar questões pessoais complexas e conciliá-las com a rotina intensa de treinamentos. É um duro processo de amadurecimento, com vitórias e derrotas, sorrisos e lágrimas.

Será que a amizade delas vai resistir aos obstáculos que se apresentam longe das pistas? Valeria a pena deixar a família em segundo plano em nome da glória no esporte? Kate e Zoe se lançam numa corrida emocionante e desafiadora, cujo prêmio é bem mais valioso que uma medalha de ouro.

# Opinião

A riqueza dos personagens é um dos principais pontos positivos de Ouro, como destaquei no post de primeiras impressões sobre o livro. Eles são extremamente reais. Erram e acertam, riem e choram, ganham e perdem. São humanos. A identificação foi forte e imediata.

Na nota do autor no final, Chris Cleave explica que praticou ciclismo por um tempo para transmitir mais verdade. O laboratório deu muito certo. As cenas dos treinos e das provas passam emoção. A gente consegue imaginar e quase sentir o que as personagens enfrentam no velódromo.

Acredito que essa proximidade com o esporte também ajudou na construção do personagem Tom, o treinador, que tem grande importância para o desenvolvimento da história. Ele até tem aquela casca de rabugento, mas é tipo um paizão para suas atletas. É um cara com um coração enorme, que se preocupa de verdade com Kate e Zoe.

Inclusive, algumas partes chegam a incomodar, pois é nítido que existe uma preferida. Porém, conforme a trama anda, percebemos também as motivações dele para aquela diferença de tratamento. Ele sabe que Kate tem mais resiliência e inteligência emocional, enquanto Zoe é mais frágil e sofre mais com os baques da vida.

Kate e Zoe têm personalidades bem diferentes que se complementam. Embora sejam amigas e rivais, não há uma vilã e uma mocinha. Mesmo assim, sou #teamKate até o fim. Senti raiva de determinadas atitudes de Zoe, mas esse sentimento também não durou muitas páginas. Ela teve os motivos dela para agir daquele jeito. Consegui ter empatia.

Outro destaque de Ouro é a abordagem da doença de Sophie. Acompanhamos todas as dificuldades da rotina e os desafios do tratamento, mas o autor conduziu o enredo de uma forma leve.

As referências ao clássico Star Wars dão até um toque de humor diante de um contexto tão dramático. Apesar de não ter entendido muitas das alusões, achei divertido o fato de Jack e Kate embarcarem na brincadeira do “faz de conta” para verem a filha mais feliz. Isso até me lembrou um pouco do livro A menina que semeava, de Lou Aronica.

Enfim, foi um excelente mergulho. Mais que uma história de ficção sobre ciclistas de alta performance, Chris Cleave entrega uma narrativa profunda sobre pessoas, sentimentos, sonhos, imprevistos… vida real.

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