domingo, 6 de junho de 2021

4 lições da faculdade de Jornalismo que eu aplico como revisor

Olá, mergulhadores!

Há muitas coisas que a faculdade de Jornalismo não ensina, mas eu aprendi lições que uso no meu dia a dia para ser um profissional de revisão cada vez melhor. Venham conferir quais são!



Artigo publicado originalmente no LinkedIn.


Durante os quatro anos (fora as greves) do meu curso de Jornalismo, nunca passou pela minha cabeça que eu me tornaria revisor de textos. Se alguém mencionasse SEO perto de mim naquela época, eu seria capaz de pensar em uma banda como AC/DC.

Conheci o marketing de conteúdo já depois da graduação. Por um tempo, achei que o meu trabalho não tinha nada a ver com o que estudei na universidade. Estava enganado de A a Z, pois a sala de aula me trouxe lições que eu coloco em prática todos os dias.

Listei as quatro principais aqui. Vamos lá!


1. Arregaçar as mangas para pesquisar

Especialmente no meu primeiro ano de graduação, eu era um rato de biblioteca. Assistia às aulas pela manhã, fazia um almoço rápido em casa e corria para pegar carona até a universidade de novo.

Não tinha muita paciência para as teorias da comunicação no início do curso, embora soubesse da importância delas. Meus olhos brilhavam mesmo quando os professores falavam da vivência jornalística, algo que a gente só conheceria mais intensamente a partir do quarto período.

Eu anotava cada título indicado em sala de aula. À tarde, lá estava eu na biblioteca devorando todas as páginas. De tanto frequentar aquele lugar, virei auxiliar dos meus colegas. Alguns confiavam mais em mim do que no próprio sistema online quando queriam encontrar um livro.

Esse hábito segue comigo e me ajuda muito no meu trabalho. O revisor precisa fazer suas próprias pesquisas para entender o assunto abordado e, assim, propor mudanças que melhorem o conteúdo.


2. Passar a mensagem de forma simples

É possível construir frases formais e elegantes sem usar o dialeto da Lumena, do BBB 21. Aliás, o “lumenês” foi uma prova de como a comunicação rebuscada é cansativa, excludente e até cômica.

Aprendi com meus professores que o bom texto jornalístico é aquele que qualquer mero mortal consegue entender por completo. A oportunidade que eu tive de praticar isso foi durante o meu estágio na assessoria de comunicação do Ministério Público do Rio Grande do Norte.

Uma das minhas funções era atualizar o site da instituição com matérias sobre Recomendações e Termos de Ajustamento de Conduta (TACs). Li e reli centenas de documentos ao longo dos dois anos em que estive lá, trabalhando para entregar textos formais, mas acessíveis.

Na época, eu também era repórter na TV universitária, que me exigia uma linguagem bem mais descontraída. Hoje, atuando com marketing de conteúdo, percebo que essas experiências me dão mais segurança para ajustar o tom dos textos quando necessário.


3. Desconfiar até da própria sombra

Jornalista desconfiado é quase uma redundância. A profissão exige uma leitura do mundo além do que é dito ou mostrado. Desde que me conscientizei disso, nunca mais li notícias, reportagens e artigos com o mesmo olhar.

Essa desconfiança enraizada tem um link com a disposição para pesquisar (citada na primeira lição), pois o pé atrás é o meu combustível para investigar as informações presentes em um conteúdo. Quando sou leigo no assunto, aí é que meus dedos trabalham no buscador.

Em agosto de 2020, por exemplo, revisei um e-book sobre o uso medicinal da cannabis. A redatora era uma bióloga que demonstrava muito domínio do assunto. Em um dos capítulos, aparecia uma lista com mais de 20 compostos químicos. Vários eram desconhecidos para mim.

Eu poderia ter confiado, mas minha natureza não permitiu. Fui pesquisar sobre cada elemento e descobri que um deles se chama “bisaboleno”, e não “bisalobeno”. Encontrei outros errinhos como esse e pude corrigi-los. Resultado: ganhei a confiança da redatora pelo meu trabalho cuidadoso.


4. Evitar os clichês

Um dos livros que eu peguei na biblioteca da universidade foi “O Globo: manual de redação e estilo”, organizado e editado por Luiz Garcia. Nas minhas anotações (guardo todos os cadernos), destaquei o seguinte trecho:

“[…] o que prende o leitor é o inusitado; o banal dá sono. Ele bocejará ao ser informado que numa casa de ferreiro havia espeto de pau, mas talvez ache graça em conhecer a história de dois bicudos que se beijaram, ou da água mole que não conseguiu furar a pedra dura”.

Meu professor de telejornalismo também usava um ótimo exemplo para nos incentivar a fugir dos clichês: “os bandidos estavam fortemente armados”. Ele dizia que ninguém vai fracamente armado assaltar um banco, então a gente poderia evitar essa expressão batida.

Esse ensinamento é muito útil no marketing de conteúdo. Acredito que as pessoas estão cansadas de lerem que algo mudou “com o avanço da tecnologia” ou que determinada estratégia é fundamental “em um mercado altamente competitivo”. Sempre que possível, sugiro construções diferentes.

Bom, essas são as principais lições da faculdade de Jornalismo que eu aplico no meu dia a dia como revisor de textos para a web. Não tenho dúvida de que a minha formação acadêmica faz e continuará fazendo a diferença no meu desempenho profissional.

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