Título: O livreiro do Alemão
Autor: Otávio Júnior
Editora: Panda Books
Ano: 2011
Nº de páginas: 80
“Quem mora ali no morro sabe que há medo, há angústia, há desespero. Mas também há um desejo enorme de superação. Superar a violência, superar o preconceito de morar num dos locais mais violentos do Rio de Janeiro, superar a falta de perspectivas.”
Esse livro conta a história de
Otávio Júnior, carioca nascido no subúrbio do Rio de Janeiro, que desenvolveu o
projeto de incentivo à leitura “Ler é 10 – Leia favela”, ficando conhecido como
“o livreiro do Alemão”.
Aos 8 anos de idade, quando estava
voltando da igreja, Otávio desviou a rota pelo campinho de futebol. No entorno,
só havia um grande depósito de lixo, pois a comunidade não tinha serviço de
coleta. Ele então caminhou pela sujeira e avistou uma caixa com vários
brinquedos. Não se contendo, deu um grito que chamou a atenção de todos os
garotos, que imediatamente correram para ver o que era.
“Deu
tempo apenas de pegar o livro que estava ali: Don Gatón. Não
sei como explicar, mas tive olhos apenas para o livro, e não para os
brinquedos, que foram rapidamente atacados. Depois da 'batalha', levei aquele
exemplar como um troféu para casa.”
Otávio ficou maravilhado com o
livro. Andava com ele para cima e para baixo. Mas chegou um dia em que ele
sentiu necessidade de ler mais livros. Foi quando decidiu pedir aos vizinhos,
que lhe emprestaram gibis da Turma da
Mônica e da Disney. Chegou também
a ganhar dois exemplares antigos de Monteiro Lobato: Reinações de Narizinho e As
Caçadas de Pedrinho. A sede de leitura de Otávio era tanta, que ele passou
a revirar o lixo à procura de mais livros. Isso fez com que ganhasse o apelido
de “Xepa”.
O encanto pelas palavras foi
aumentando a ponto de Otávio sonhar em ser um escritor. As dificuldades eram
muitas, principalmente depois que o pai começou a beber frequentemente. Otávio
conta que a mãe dele era o pilar da casa. Era ela quem administrava a renda e
fazia questão que os filhos estudassem. O único problema era que ela insistia
em levar Otávio até a porta da escola e ir buscá-lo no fim da aula. Ele morria
de vergonha!
“Para
não ver o meu pai bêbado, eu buscava refúgio em bibliotecas, sebos, livrarias.
Frequentemente ia ao Museu da República; ali eu podia ficar sossegado nos
jardins do palácio, lendo livros e escrevendo.”
Otávio começou a se interessar
também por teatro. Iniciou escrevendo algumas peças, montando cenários com
caixas de papelão e isopor que encontrava no lixo e fazendo figurinos com
retalhos que ia conseguindo. Chegou a se apresentar em alguns colégios e
cobrava ingresso de R$ 1,00. O dinheiro era usado para comprar roupas melhores,
aperfeiçoar as peças e ajudar a mãe com as despesas de casa.
Foi aos poucos que surgiu o projeto
de leitura “Ler é 10 – Leia favela”, para incentivar as crianças da comunidade
a ler. Ele começou reunindo os primos, que chamavam mais alguns amigos e assim
o projeto foi crescendo. Além de ouvir histórias, as crianças também tinham
espaço para manipular os livros da coleção de Otávio, aprendiam como cuidar dos
livros e ainda recebiam lanche.
Esse livro é uma lição de vida. A
história de Otávio é inspiradora e comovente. Nós que somos apaixonados por
livros, conseguimos entender toda a magia envolvida nesse projeto literário. O
autor também mostra a importância dessa iniciativa na vida de crianças e
adolescentes que são excluídos pela sociedade.
Que história motivadora e linda, parabéns pelo post. Enquanto muitos insistem em dizer que o brasileiro não gosta de ler a gente se comove com um exemplo desse.
ResponderExcluirOi, Rosângela.
ExcluirÉ um livro incrível mesmo. Comovente!