domingo, 2 de julho de 2017

[Mergulhei Fundo] - O livreiro do Alemão


Título: O livreiro do Alemão
Autor: Otávio Júnior
Editora: Panda Books
Ano: 2011
Nº de páginas: 80


“Quem mora ali no morro sabe que há medo, há angústia, há desespero. Mas também há um desejo enorme de superação. Superar a violência, superar o preconceito de morar num dos locais mais violentos do Rio de Janeiro, superar a falta de perspectivas.”

Esse livro conta a história de Otávio Júnior, carioca nascido no subúrbio do Rio de Janeiro, que desenvolveu o projeto de incentivo à leitura “Ler é 10 – Leia favela”, ficando conhecido como “o livreiro do Alemão”.

Aos 8 anos de idade, quando estava voltando da igreja, Otávio desviou a rota pelo campinho de futebol. No entorno, só havia um grande depósito de lixo, pois a comunidade não tinha serviço de coleta. Ele então caminhou pela sujeira e avistou uma caixa com vários brinquedos. Não se contendo, deu um grito que chamou a atenção de todos os garotos, que imediatamente correram para ver o que era.

“Deu tempo apenas de pegar o livro que estava ali: Don Gatón. Não sei como explicar, mas tive olhos apenas para o livro, e não para os brinquedos, que foram rapidamente atacados. Depois da 'batalha', levei aquele exemplar como um troféu para casa.”

Otávio ficou maravilhado com o livro. Andava com ele para cima e para baixo. Mas chegou um dia em que ele sentiu necessidade de ler mais livros. Foi quando decidiu pedir aos vizinhos, que lhe emprestaram gibis da Turma da Mônica e da Disney. Chegou também a ganhar dois exemplares antigos de Monteiro Lobato: Reinações de Narizinho e As Caçadas de Pedrinho. A sede de leitura de Otávio era tanta, que ele passou a revirar o lixo à procura de mais livros. Isso fez com que ganhasse o apelido de “Xepa”.

O encanto pelas palavras foi aumentando a ponto de Otávio sonhar em ser um escritor. As dificuldades eram muitas, principalmente depois que o pai começou a beber frequentemente. Otávio conta que a mãe dele era o pilar da casa. Era ela quem administrava a renda e fazia questão que os filhos estudassem. O único problema era que ela insistia em levar Otávio até a porta da escola e ir buscá-lo no fim da aula. Ele morria de vergonha!

“Para não ver o meu pai bêbado, eu buscava refúgio em bibliotecas, sebos, livrarias. Frequentemente ia ao Museu da República; ali eu podia ficar sossegado nos jardins do palácio, lendo livros e escrevendo.”

Otávio começou a se interessar também por teatro. Iniciou escrevendo algumas peças, montando cenários com caixas de papelão e isopor que encontrava no lixo e fazendo figurinos com retalhos que ia conseguindo. Chegou a se apresentar em alguns colégios e cobrava ingresso de R$ 1,00. O dinheiro era usado para comprar roupas melhores, aperfeiçoar as peças e ajudar a mãe com as despesas de casa.

Foi aos poucos que surgiu o projeto de leitura “Ler é 10 – Leia favela”, para incentivar as crianças da comunidade a ler. Ele começou reunindo os primos, que chamavam mais alguns amigos e assim o projeto foi crescendo. Além de ouvir histórias, as crianças também tinham espaço para manipular os livros da coleção de Otávio, aprendiam como cuidar dos livros e ainda recebiam lanche.

Esse livro é uma lição de vida. A história de Otávio é inspiradora e comovente. Nós que somos apaixonados por livros, conseguimos entender toda a magia envolvida nesse projeto literário. O autor também mostra a importância dessa iniciativa na vida de crianças e adolescentes que são excluídos pela sociedade.

  
Otávio Júnior, idealizador do projeto "Ler é 10 - Leia favela"

2 comentários:

  1. Que história motivadora e linda, parabéns pelo post. Enquanto muitos insistem em dizer que o brasileiro não gosta de ler a gente se comove com um exemplo desse.

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    Respostas
    1. Oi, Rosângela.
      É um livro incrível mesmo. Comovente!

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