domingo, 20 de março de 2016

UMA PAIXÃO QUE VAI LONGE

E aí, mergulhadores!

Hoje eu venho mostrar a vocês a história do ex-jogador de futebol, Diassis, que mora em Mossoró, Rio Grande do Norte. Acompanhem!

Foto: Ygo Maia


São mais ou menos 15 minutos da casa de Diassis até o Malvinão, campo de terra situado nas Malvinas, no bairro Nova Vida, em Mossoró/RN. Ele se desloca na própria cadeira de rodas motorizada, que passou por adaptações para que o percurso pudesse ser feito com mais facilidade. O sobrinho dele, Pedro Henrique, 14, vai acompanhando, para o caso de algum imprevisto. “Antes, os pneus eram tudo duros, aí não prestava pra andar no calçamento, aí eu coloquei inflável. Se caso furar, tem que ter alguém acompanhando, né”, explica.

Sempre que possível, ele vai assistir aos treinos da Associação Desportiva do Bairro IPE (ADBE). Assim, pode rever os amigos, sentir de perto a emoção que só o futebol proporciona e observar o trabalho do treinador Toinho, por quem sente uma grande admiração. “Ele [Toinho] é pouco reconhecido. É pouca gente que chega ali e dá um apoio, mas é um excelente trabalho que ele fazendo com essa criançada”, elogia.

Diassis também faz questão de destacar a importância do projeto para a região das Malvinas. Na opinião dele, o ADBE abre portas para os jovens e ajuda na formação de cidadãos. “Você sabe, esse bairro é conhecido pela violência, então com esse trabalho de Toinho, a criança e o adolescente só fogem daquele foco se quiserem mesmo”, comenta.

Mesmo depois do acidente, os olhos do ex-zagueiro continuam brilhando quando ele fala sobre futebol. Diassis não se deixa abater por causa de suas limitações. É por isso que, na sua cadeira de rodas, ele ganha as ruas para manter vivo o amor pelo futebol e pelo ADBE, porque, no fim das contas, ele é um homem apaixonado pela vida.

SONHO INTERROMPIDO

Foto: Ygo Maia


“De repente, você ali, depois se vê sem seus movimentos. No começo foi difícil, porque sua vida muda, . Mas foi só nos primeiros dias mesmo. Depois, entreguei nas mãos de Deus”. O relato é de Francisco de Assis da Silva, 29, um amante do futebol, nascido em Almino Afonso e criado em Mossoró, onde vive até hoje. Filho mais novo de um total de seis irmãos.

O que deveria ter sido um dia comum de lazer acabou marcando para sempre a vida de Diassis. No dia 13 de setembro de 2009, ele estava em Quixeré/CE, região do Vale do Jaguaribe. Era um domingo, dia sagrado para o futebol, mas quis o destino que, naquele dia, Diassis trocasse os campos por um tanque de água doce. E foi o que ele fez. “Eu subi na parede do tanque e fui pular pra cair em pé, mas escorreguei e caí de cabeça. Tive uma fratura na C3* e perdi os movimentos das pernas”, conta.

O acidente interrompeu o sonho de virar jogador profissional. Um desejo que surgiu na infância, aos 9 anos, quando ainda jogava na terra e no calçamento, antes de ir para o ADBE, um projeto do treinador Toinho, que há quase três décadas ajuda na formação de atletas e cidadãos por meio do futebol.

Diassis explica que foi para o ADBE por conta própria com alguns amigos do bairro e que recebeu o apoio da família. “Foi uma experiência boa. Toinho tem esse projeto há muitos anos e tem esse intuito de tirar os jovens da rua e dar uma assistência, porque o adolescente parado, ele pensa muita besteira”, comenta.

Aos 14 anos, Diassis teve uma temporada difícil, pois se envolveu com drogas. “Naquela época, era cola de sapateiro mesmo”, admite. Foi quando o pai dele procurou Toinho, buscando uma nova chance para o filho na escolinha. E ele soube aproveitar o voto de confiança. Largou as drogas e passou a se dedicar ao futebol, firmando-se como zagueiro.

Em pouco tempo, o Baraúnas demonstrou interesse por Diassis, que agarrou mais essa oportunidade. “Você jogar e treinar em grama, num campo grande, é totalmente diferente. Foi uma experiência boa. O técnico na época era o Miranda. Eu aprendi muito ali”, ele diz, relembrando sua passagem pelo clube, especialmente o título estadual de 2006.

Segundo ele, foram duas temporadas muito produtivas, mas teve que largar a bola e tomar outro rumo. Então, ele foi com um cunhado para São Paulo, onde trabalhou durante um ano com montagem de gasoduto.

Nove dias depois de voltar do Sudeste, sofreu o acidente que o deixou na cadeira de rodas. A condição atual dele, no entanto, não é um obstáculo capaz de separá-lo de sua grande paixão: o futebol.


* "A coluna vertebral é composta de 33 vértebras: sete cervicais (C1, C2, C3, C4, C5, C6, C7), doze torácicas que vão de T1 até T12, cinco lombares (L1, L2, L3, L4, L5), cinco sacrais soldadas formando o osso sacro e quatro coccígeas, que se fundem formando o cóccix. As vértebras são unidas por vários ligamentos e entre uma e outra existe um disco cartilaginoso semelhante a um anel cuja função é reduzir o impacto." SAIBA MAIS.

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