quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Entrevista com Ricardo Ragazzo

Olá!

Prontos para mais um mergulho? Hoje, temos uma entrevista com o autor Ricardo Ragazzo, parceiro aqui do blog. Confiram!


Nome completo – Ricardo Ragazzo


Data de nascimento – 31/05/1975


Naturalidade – São Paulo


Grau de formação – Bacharel em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie / Pós-graduado em Marketing de Serviços pela FAAP


Profissão – Administrador / Escritor





Mergulhando Na Leitura: Primeiramente, quem é Ricardo Ragazzo?
Ricardo Ragazzo: Acho essa uma pergunta muito difícil de responder. Não gosto de falar sobre mim mesmo. Até por isso, não sou bom de marketing pessoal. No geral, sou um pai de família com um casal de filhos lindos e uma esposa bastante amorosa. Ah! E tenho um beagle chamado Frederico Humberto. Além disso, é importante frisar que o fast-food italiano Ragazzo não é meu (infelizmente).

MNL: Como surgiu o seu gosto pela escrita?
RR: Posso dizer que o primeiro passo foi dado meio sem querer, fruto de uma necessidade que tive de extravasar alguns sentimentos após o falecimento do meu pai em um acidente de avião. Tudo aconteceu muito rápido, uma tonelada de novas responsabilidades foi despejada no meu ombro aos 23 anos e, a princípio, não soube lidar emocionalmente com isso. Até que, meses depois, decidi escrever uma carta para o meu pai. Nela, despejei tudo o que sentia, da forma mais pura e verdadeira que consegui. Quando algumas pessoas próximas leram o conteúdo, percebi que tinha o dom (e vejo isso como um dom mesmo) de passar emoção através da palavra escrita. A pulguinha havia se instalado atrás da minha orelha. O segundo passo foi o RPG (Role-Playing Game). Fui convidado por um amigo para participar de uma sessão do antigo AD&D. Um amigo dele mestrou o jogo e nos divertimos bastante. Quando fomos jogar uma nova campanha, esse amigo que havia mestrado conseguiu um emprego que ocupava seus finais de semana e não poderia mais participar. A decepção foi geral. Queria tanto jogar que resolvi me oferecer para escrever uma história com a sugestão de revezarmos o mestre (aquele que cria a história) a cada nova campanha. Fiz a primeira história e nunca mais deixei o posto. Eu adorei criar e eles amaram o que eu havia criado. Certo dia, anos depois, um desses meus amigos sugeriu que eu escrevesse um livro. Eu desdenhei do comentário e ele me deu o livro “Os Sete” do André Vianco. Depois falou “Você consegue escrever uma história tão boa quanto essa”. Depois que li o livro, decidi que iria buscar mais informações sobre o assunto. Apaixonei-me por esse lado do universo literário, fiz diversos cursos e acabei escrevendo o polêmico “72 horas para morrer”.

MNL: Por que 72 Horas para Morrer é um livro polêmico?
RR: Não posso falar sobre isso sem dar spoiler, mas o final do livro é tão elogiado quanto criticado, por conta de um risco que eu quis correr. Basicamente, isso.

MNL: Este foi o seu primeiro livro, publicado em 2011, pela Editora Novo Século. Qual foi a sensação de ver a obra impressa?
RR: A sensação é indescritível. Publicar um livro é, talvez, uma das maiores conquistas que alguém pode ter na vida. Mas esse sentimento de realização tem que logo dar lugar ao foco quando falamos em escrever como profissão. Muito mais difícil do que publicar, é chegar às estantes dos leitores.

MNL: Seu segundo livro, A Garota das Cicatrizes de Fogo (2013), também publicado pela Editora Novo Século, tem um toque sobrenatural. De onde veio a inspiração para criar a história?
RR: A inspiração veio de um sonho que tive. Nesse sonho, uma menina (que não sei dizer quem era) tinha o corpo quase todo queimado em um atentado e, no dia seguinte, acordava com a pele lisa, como se nada tivesse acontecido. Achei que daria uma premissa interessante, então comecei a procurar na minha cabeça algo que pudesse justificar isso. Quando encontrei, comecei a escrever o livro.

"A inspiração veio de um sonho que tive", revela o autor.

MNL: Quais as semelhanças e as diferenças entre o primeiro e o segundo livro?
RR: A violência. “A Garota das Cicatrizes de Fogo” é uma história muito menos sangrenta que “72 horas para morrer”, sem perder, claro, o suspense. Quando um leitor me pergunta a diferença entre ambos, eu digo que AGCF é um suspense com mistério e 72HPM é suspense com terror. Além disso, meu primeiro livro foi focado em um público mais adulto e o segundo já teve como alvo um público mais adolescente. Entretanto, eles acabam agradando as idades mais variadas. Acho isso bem interessante.

MNL: A banda favorita da personagem Lisa Gomez, de A Garota das Cicatrizes de Fogo, é Judas Priest. Esse gosto musical teve influência sua?
RR: Judas Priest é a banda da minha vida. E isso, claro, teve influência. Mas o gênero metal é muitas vezes o “gênero dos excluídos” e Lisa Gomez tem esse perfil. Tudo se encaixava. Há uma cena no livro, inclusive, em que uso a letra de uma música do Judas Priest chamada “Victim of Changes” comparando-a com o momento que a personagem passa. Tudo na literatura tem sempre uma razão.

MNL: Lisa tem uma amiga de infância, cujo apelido é Maria Tonelada. Eu li uma resenha em que este fato foi colocado como um ponto negativo do livro, por considerar o tratamento preconceituoso. O que você acha disso? Qual era a sua intenção ao criar a personagem?
RR: Essa é uma boa pergunta. Responderei em duas partes. Em primeiro lugar, claro que não há preconceito. Débora sofre bullying por causa da obesidade. Isso tem que ficar evidente na história para justificar as ações dela após reencontrar Lisa. Duas amigas de infância, hoje solitárias, que acabam se reencontrando em momentos diferentes da vida. O apelido de Debby, inclusive, veio de uma experiência de infância na escola, com uma menina que sofria bastante com isso. Nunca me esqueci dela. Quando escrevia alguma cena, lembrava-me dela, tentando buscar algum detalhe importante que pudesse ser passado. Em segundo lugar, após ver uma resenha relatando esse desconforto, fui reler o livro com outros olhos e percebi que após um determinado momento, já não havia mesmo a possibilidade de usar algumas expressões. Parabéns para quem notou. A segunda edição, sem dúvida alguma, corrigirá isso. 

MNL: Ainda sobre o livro A Garota das Cicatrizes de Fogo. O protagonista Johnny Falco foi obrigado a tomar uma decisão importante, envolvendo a filha Diana. Como você agiria em uma situação como a dele?
RR: Da mesma forma que ele, sem dúvida alguma.

MNL: Quais são os seus novos projetos? Está escrevendo algum livro no momento?
RR: Tive câncer de rim no início de 2013 e isso fez com que minha vida mudasse radicalmente em vários pontos. Por exemplo, antes da doença, esporte, para mim, era significado de futebol aos sábados regado a muito churrasco e cerveja. Atualmente, faço pilates duas vezes por semana, jogo futebol sem muito “extra”, duas horas de tênis todos os sábados e corro três vezes por semana, em média, 100 km por mês. Fui convidado para escrever um livro contando minha experiência e as mudanças que ocorreram na minha vida pós-doença. Esse livro deve sair até o final do ano/começo de 2015. Além disso, nesse momento, tenho 80% do meu próximo livro escrito, que será uma distopia em dois volumes sobre um mundo futurista pós-guerras nucleares, químicas e psiônicas, onde violência e demografia passam a ser controladas. Crianças recém-nascidas são submetidas a um processo governamental conhecido como GLIMPSE, que consegue vislumbrar pedaços do futuro dessa criança e, baseado em suas ações e personalidades, decide se sua existência será vetada ou não. Até que minha protagonista nasce e em seu futuro é visto algo bastante perigoso para essa nova realidade governamental.

MNL: Deixe uma mensagem aos leitores do “Mergulhando Na Leitura”. Obrigado!
RR: Um conceito que me atrai muito é o de que, na vida, ou você faz ou você se desfaz. As opções são bem claras e distintas: Ou agimos e corremos atrás daquilo que queremos, arriscando a possibilidade de dar certo; ou nos submetemos à inexorabilidade do “não fazer nada”, vendo o tempo passar enquanto nos esvaímos na neblina fria de uma vida vazia e sem realizações. A utopia dos nossos sonhos se alimenta de nossos pensamentos limitadores. Liberte-se e seja feliz!


Mergulho Rápido

MNL: Uma palavra...
RR: Gratidão!
MNL: Alguém especial...
RR: Família (incluindo meu beagle, claro)!
MNL: Um sonho...
RR: O mesmo de todo escritor!
MNL: Uma música...
RR: Illumination Theory – Dream Theater / Warriors of the North – Amon Amarth!
MNL: Um livro...
RR: O Senhor dos Anéis (toda a trilogia)!
MNL: Uma comida...
RR: Estrogonofe!
MNL: Um lugar...
RR: San Francisco!
MNL: Deus...
RR: Ver primeira resposta! 


* Confiram a resenha de A Garota das Cicatrizes de Fogo, clicando aqui.

4 comentários:

  1. OLá .. primeira vez por aqui e já amei a entrevista com o autor Ricardo *--------*
    primeiro pq é literatura nacional, segundo porque é um suspense nacional e terceiro: que capa lindaaaaaaaaaa do livro <3' #InLove
    Acho tão legal quando um autor conta como surgiu a ideia do livro pq isso inspira né?! e como o ricardo, quantos sonhos temos e nao aproveitamos as ideias..
    E particularmente para mim que estou numa busca por autores nacionais bons, foi maravilhoso ter visitado aqui .. e conhece-lo.. já estão na minha lista de compras o/

    No mais.. parabéns pelo blog.. q vc continue trazendo essa essencia nacional para nossas vidas o/
    Tirando q vc é nordestino \o/ êeeeeeeeeee amei *-*

    www.livrospepsiezumzumzum.blogspot.com.br

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    1. Olá, Márcia.
      Fico muito feliz que você tenha gostado da entrevista e do blog. Seja bem-vinda!
      Volte sempre que quiser. Vou continuar dando espaço aos autores nacionais aqui. Esse livro do Ricardo Ragazzo é ótimo. Eu recomendo muito.
      Beijos!!!

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  2. Oi Ygo!
    Gente, amei o nome "Frederico Humberto"!!!
    Muito legal a entrevista, gostei de conhecer mais sobre o autor e seus livros.

    Beijos,
    Sora - Meu Jardim de Livros

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    Respostas
    1. Olá, Sora.
      Também achei o nome do beagle bem interessante. rsrs
      Beijos!

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